One two one

 

Acção:

O performer veste um fato com uma dupla camisa que tem uma extensão ao nível da cabeça. Ele movimenta-se lentamente em espaços públicos com a cabeça tapada e a cara quase imperceptível até conectar com alguém, nesse momento oferece o outro lado da camisa e convida essa pessoa a relacionar-se naquela situação particular. A única coisa que se torna visível é a cara de ambos em cada lado de um tubo de tecido quase 1,50m. Estabelece-se aqui o início ou a interrupção da relação mediante a capacidade do convidado de confrontar o contacto directo com o olhar. A relação faz-se no silêncio por movimentos no espaço e jogos com o tubo - canal de comunicação.

A relação termina tão espontaneamente como começou, há um momento em que o convidado retira a camisa e o performer volta a vestir e retorna a deambular até á próxima relação.

 

Conceito:

Na performance ONETWOONE o sujeito performer projecta-se no mundo envolvente que se redefine a cada instante no Aqui e Agora do gesto. O performer despe-se do seu espaço ao oferecer ao outro a possibilidade de relação. O olhar directo com o outro (exterior) reflecte tão intensamente o nosso interior que ocorre uma dissolução no outro. Os dois sujeitos tornam-se mutuamente habitantes um do outro, do devir-outro.

Há um carácter de inumanidade no performer, que se deve á manifestação de uma cara que não se dá á visibilidade, mas que deixa um resíduo da sua existência no fugaz momento da inter-relação. A partilha da vivência deste espaço – canal de comunicação directa - é uma metáfora da subjectividade da relação da pessoa consigo mesmo, com o outro e com o mundo. Que se manifesta no fenómeno de habitar um corpo que é ambiguamente habitáculo e habitante.

 

 

E.S.A.D Caldas da Rainha 1999

Caldas Late Night 1999

Livraria Ler devagar – C.E.M 2000

121 - One two one

2000

Saia de pele, camisa com extensão em licra

Dimensões aproximadas: 130 x 50 cm

© 2014 Isabel Correia